Tuesday, October 12, 2004

nado por cima de um ferro-velho em flor.
as águas são turvas como o pensamento das mães.
aqui e ali os meus membros tocam e raspam em grandes hélices
de cor vermelha...
os deuses dizem-me que as águas estão paradas.
eu digo-lhes que o meu corpo está imóvel.

o corpo avança através da mente e da morte,
corpo caravela de oceânicas meretrizes...
corpo adamastor aos olhos das bacantes.

existe um ferro-velho de diamantes negros,
espaço pedra filosofal, éter da imaginação transparente.
aqui e ali os olhos das mulheres...
olhos que se transformam em fabulosos globos de carne,
olhos de desejo pelos olhos que desejam.
e perguntam do alto da sua existência
onde encontrar esse espaço de carbono transcendente...
do silêncio vindo da boca dos braços
a resposta morre só.

nado por cima da alma de um ferro-velho em flor.


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