Tuesday, November 23, 2004

tocaram as trombetas do alto do sonho,
duendes a cavalo soltavam gritos de guerra,
e os gigantes fugiam montados em piriquitos com trombas de elefante.
aqui e ali um rasto de sangue das nuvens.
o cheiro de putrefacção colava-se ao cérebro, domando-o numa ira sem freio.

e as espadas batiam reluzentes umas nas outras,
e os combatentes choravam piedosamente por uma morte rápida,
mas a dor é o que de mais prolongado a vida tem.

no meio da batalha choravamm duas crianças espelho no reflexo do sangue,
no reflexo da alma morrem os fantasmas que nos habitam.

num momento um abutre dourado canta do cimo do céu,
e numa pausa musical seus bicos devoram a paz hiberbe das crianças espelho.
crianças devoradas e survidas pelo devassidão do mundo;
crianças violadas pelo ventre até ao crâneo até ao último respirar da guerra.

e da guerra se fazem guerreiros de paz.
crianças abutres voam pelos céus vomitando ramos de oliveira.
e num momento tudo pára,,,ao longe uma voz grita por mim.
vejo um cavalo que me acena com um duende na boca,
olho nos seus olhos que me são familiares e digo: TU?.
e num segundo os meus olhos abrem num quarto de quatro paredes.

estou vivo por agora...a guerra vive de dentro para fora...
tanto faz, penso eu...amanhã lá me encontro.



Wednesday, November 17, 2004

um suspiro caiu dos olhos da língua.
cresce aqui e ali um abismo entre o que sou e o que fui.

ao longe no horizonte os gigantes brincavam com bolas de nafetalina,
os cães acasalavam com pinheiros e amavam os seus filhos,
o vinho escorria pelos candeeiros, e as mulheres namoriscavam com cristos ensaguentados.
eu era uma flor, era um fogo, um dragão...
às vezes brincava de noite: uivava de cima da terra cânticos do livro de salmos.
os anjos entediados caíam aos milhares sobre um mar de sal: uns morriam com o peso das asas,
outros transformavam-se em peixes de prata.
e eu de carne feito tornava-me um deus de luz.

as cidades escureciam com o meu explendor
e os gigantes batiam muitas palmas com suas mãos carnudas.

os cristos chamavam-me de Pai,
e eu sem vontade de gestos filiais fulminava-os um a um com bolas de fumo.
e em todo o lado se viam foguetes a rebentar em muitas cores,
o céu cheio de fumo pela festa e pelos campanários em chama...
em mim uma melancolia inovadora,,,

Não quero estar mais aqui, gritei aos anjos,
e num momento todos o mundo parou e se desvaneceu.
eu que fui já não era...
....vou brincar para outro lado.