Wednesday, November 17, 2004

um suspiro caiu dos olhos da língua.
cresce aqui e ali um abismo entre o que sou e o que fui.

ao longe no horizonte os gigantes brincavam com bolas de nafetalina,
os cães acasalavam com pinheiros e amavam os seus filhos,
o vinho escorria pelos candeeiros, e as mulheres namoriscavam com cristos ensaguentados.
eu era uma flor, era um fogo, um dragão...
às vezes brincava de noite: uivava de cima da terra cânticos do livro de salmos.
os anjos entediados caíam aos milhares sobre um mar de sal: uns morriam com o peso das asas,
outros transformavam-se em peixes de prata.
e eu de carne feito tornava-me um deus de luz.

as cidades escureciam com o meu explendor
e os gigantes batiam muitas palmas com suas mãos carnudas.

os cristos chamavam-me de Pai,
e eu sem vontade de gestos filiais fulminava-os um a um com bolas de fumo.
e em todo o lado se viam foguetes a rebentar em muitas cores,
o céu cheio de fumo pela festa e pelos campanários em chama...
em mim uma melancolia inovadora,,,

Não quero estar mais aqui, gritei aos anjos,
e num momento todos o mundo parou e se desvaneceu.
eu que fui já não era...
....vou brincar para outro lado.

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