Thursday, September 02, 2004

na faca cai a veia,
na veia desliza o gume afiado e célere.
gume solitário e isolado,
gume recto sobre a veia dançarina e acrobata,
veia de petróleo, veia de morte,
veia incandescente, veia limbo.

lá fora chovem fenos,
e ao longe ouvem-se os passos e as vozes dos que já não são.
o tempo encobre a alma pois as estrelas morreram
pelo gume da faca.

não acredito em nada e muito menos na verdade:
a verdade é uma tangerina de acido sulfúrico.
a faca corta a verdade pelo gume ou pelo cabo, tanto faz.
o gume é um arquétipo da mente enlouquecida...
arquétipo imaginado e real, fora de mim e do templo astral.

a faca vive por si, a verdade vive pela palavra.

a faca é imaginária na mente e real na veia,
faca que embala,
faca materna...

entre a faca e a veia: um abismo.
abismo de dual convicção, dual experimentação no corte horizontal da veia.
veia resplandente em todos os seus vértices,
veia amante da faca.
faca presa à paixão da veia.

na faca cai a veia, na veia cai o gume...
cai, cai e cai.

No comments: