Monday, August 30, 2004

olho para as mãos...
mãos pás de moinho, pás devastadoras do tempo e da água...
água incessante,
água uterina onde crescem as mãos.

mãos livro, mãos palavra.

nelas se acolhe o pássaro voador,
nelas repousa a criança morta,
nelas me entrego pelos dedos adentro.

mãos silêncio afundado na palavra muda,
mãos gesto...


depois dizias: "as tuas mãos são mãos com muitos dedos"...
e eu chorava muito de mãos estendidas sobre a urna,
e adormecia-te com os meus treze mil dedos electricos...

penetrava então o teu corpo portal com ambas as mãos,
tocando entre mundos os teus vários seres animais...

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